sábado, 26 de julho de 2008

Melancolia

Ando melancólico, ouvindo músicas calmas. Tão calmas que me dão sono. E o sono é a fuga. A fuga da situação. A situação que me consome. O que me consome além da situação? Ela. Sempre irá me consumir.

Mas deixando de lado o jogo de palavras barato, a melancolia é um barato estranho. Não é alegre e nem triste. É meloso, choroso tem um quê de tristeza mas uma ponta firme de esperança. A última que morre. Aquela que lhe faz brilhar os olhos, levantar o rosto e dizer: "Tudo vai dar certo".

A melancolia está presente nos momentos apropriados. Nos momentos de solidão, introspecção e reflexão necessárias. A tristeza ou a alegria não. Essas a gente controla menos e às vezes podem surgir em horas inconvenientes.

Para alguns, a melancolia é 'teatrinho'. Bando de insensíveis. Viver a plenitude dos sentimentos não é para qualquer um. Não é qualquer pessoa que consegue sentir um sentimento de verdade. Todos, absolutamente todos, acham que amam de verdade, se apaixonam de verdade, estão tristes de verdade. Puro engano. Não sabem aproveitar, dominar e curtir o sentimento. Apenas se deixam levar.

Eu, me deixo levar também, mas consigo sentir, perceber bem o que se passa comigo quando estou melancólico. É a luz ali, sozinha iluminando o nada. Sou eu, pensando em coisas e pessoas que não estão nem aí para mim. É meu cachorro se lambendo feito louco. Ele sim, não controla nada. Mas não reclama também.
Na janela, vejo ruas escuras, pessoas encaixotadas em veículos correndo para lá e para cá. E mais luzes. Casas apagadas, casas acesas, deve-se ter mais pessoas por aí acordadas a esse horário.
Vejo camas vazias, quartos vazios, me vejo no espelho. Um fio branco ali e outro aqui, uma cara cheia de espinhas.

No fundo, me toco que estou dependente nesse momento de um computador. Que nada mais é do que placas com código binário.

Uma música toca. O silêncio da rua também é fascinante. Isso é solidão e solidão é melancolia.

Talvez você nunca vá me entender. E não é porque você é melhor ou pior do que eu. Nós somos diferentes, só isso. Eu quero entrar no seu mundo, mas você não entra no meu. Ou será que eu consigo entrar nele e você não consegue entrar no meu?
Sei lá. Pouco importa.

Acho que não consegui dizer nada nesse texto. Ou muito pouco do que queria expressar.

Um comentário:

Carol Varani disse...

pois eh... aqui estamos...
um brinde a melancolia!
companheira de nossos dias...