4 horas da tarde e eu chego esbaforido no Terminal Jabaquara, saio da catraca do Metrô e vou em direção ao Trolébus. Sentido: São Bernardo, para minha casa.
Chegando no terminal D, ufa! Ônibus vazio e parado, entro e sento do lado de um senhor com seus 70 e poucos anos. Cabelos brancos, óculos, calças sociais e blusa de lã.
Do nada, ele chega e vira pra mim:
'A vida está muito melhor com esses metrôs e ônibus né?'
Eu disse que sim.
Sou muito, mas muito paciente com idosos. Adoro conversar com eles e tenho toda a calma e paciência do mundo. Os acho fonte de sabedoria histórica. O saco que não tenho com crianças, eu tenho com o pessoal de idade.
Ele quer assunto, vira pra mim e diz: "Quer ver como a viagem vai passar rápida??"
Ele se chama Luiz, eu me apresento e ele me chama de CARLOS metade da viagem, depois acerta meu nome. E fomos conversando sobre várias coisas: São Paulo, Deus, histórias da vida dele.
Conversando não é a palavra, eu só ouvia. Dava atenção. Ele repetia 4 vezes a mesma coisa e eu nem ligava. Era um senho humilde, desses que tem que lutar feito louco a vida inteira. Trabalhou na Mercedes e em 1975 se converteu à Igreja Testemunha de Jeová, conta sobre a pintura na casa, os hábitos do dia-a-dia.
É a história. É um choque de gerações. São outros hábitos, outros costumes. Troca de experiências.
Não sei se vou encontrar este senhor alguma vez mais na minha vida, mas a vida é cheia desses encontros e desencontros. O tempo une e afasta pessoas.
Passou-se o tempo e quando vi era a hora de eu descer, falei ao senhor Luiz isso, o cumprimentei e ele falou:
"Viu como passou rápido. Nem vimos o tempo passar."
Não mesmo.
Memórias
Há 14 anos
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