quarta-feira, 25 de junho de 2008

Ruth Cardoso: Uma primeira dama, como poucas

FHC e Ruth : Casamento pessoal, político e profissional.

Ruth Cardoso, faleceu ontem aos 77 anos de arritmia cardíaca em sua residência no bairro de Higienopólis em São Paulo.
A ex primeira dama foi uma das mais importantes intelectuais do Brasil e pessoa influente na cena política do momento. Não só porque era esposa do ex presidente Fernando Henrique Cardoso, mas também por ser uma mulher politizada e antenada com o que acontecia no Brasil e no mundo.

Irei por uma linha de raciocínio diferente da comum nesses momentos. Em que a imprensa faz uma retrospectiva da vida da pessoa do ponto de vista profissional. Falarei, claro da antropóloga Ruth, mas usarei como fio condutor, seu comportamento nos mandatos do seu marido Fernando Henrique Cardoso.

Fernando Henrique e Ruth eram recém formados em ciências sociais na USP. Ela em antropologia e ele em sociologia, quando casaram em 1953. FHC virou um dos mais respeitados professores e sociólogos do país logo depois se tornou político. Senador e depois presidente. Ruth, sempre desenvolveu seu trabalho com louvor em sua área. Estudos sobre favelas, grandes cidades, urbanização etc.

Em 1968 foi cassada e exilada junto com o marido e retornando, com a anistia em 1978, sempre manteve uma vida cívica ativa.

Quem me conhece sabe das minhas discordâncias com a era FHC (1995-2002). Um governo que teve acertos e erros. Mas dona Ruth, foi um exemplo de primeira-dama. A melhor que já vi e uma das melhores do mundo.

As primeiras damas no Brasil geralmente são madames egocêntricas, festeiras, corruptas , cúmplices ou então acomodadas. Ruth Cardoso, não!
Talvez por sua formação, ela criou núcleos de incentivo a educação, alfabetização, alimentação enfim, maneiras de se pensar um país a longo prazo sem as amarras de um governo.
Seus projetos estão aí. Até hoje.

A ex primeira dama será lembrada como uma mulher decidida, arrojada e inteligente. Vai fazer falta. Ela falece, e com ela se vai também um pouco da geração de 1968, um pouco do pensamento crítico, um pouco do ideal da mulher ideal.
Entra para a história e fará falta!

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