quinta-feira, 19 de junho de 2008

Dose Dupla, por favor!

O Bar estava vazio e solitário.
Praticamente fechando.
Um garçom no balcão e uma música velha tocando
Ele entra no bar.
Pede algo para beber. E toma.
Mais uma dose e ele toma.
Toma!
E vai pensando cada vez mais nela.

E pergunta a si mesmo:
O que é a vida sem amor?
Aliás, num segundo se corrige e diz:
O que é a vida com amor?

Ele olha ao redor e vê o ambiente.
Amarelo e vermelho.
Bebidas expostas na parede
Ao som de 'Sua Estupidez' cantada por Gal Costa
São 3 e meia da manhã.

O garçom irritado começa a recolher mesas e cadeiras.
É uma forma de dispensar o único cliente.
E aí a música toca aquele trecho que só Roberto mesmo pra fazer
"Sua estupidez não lhe deixa ver que eu te amo"
É a gota d'água.

Ou melhor: São as gotas d'água.
Lágrimas.
Sensação de fracasso. De inutilidade.
Incompetência.

Nada e nem ninguém a volta para um desabafo.
Para oferecer um ombro amigo.
O copo é apenas um objeto. Não pensa.
Mas a bebida ajuda a refletir.

Refletir sobre o quê?
Sobre a eterna perda?
Sobre seu fracasso?

Nessa hora, com certeza ela estará com outro.
Aos beijos, abraços e na cama.
Ah! Outro cara está se abundando em tudo aquilo que já foi seu.
Aliás seu não. Porque ela nunca foi sua.
No fundo, ninguém é de ninguém

Nessa hora ele só tem uma ação.
Olha bem pro garçom e diz:
"Mais uma dose dupla por favor!"

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