Eu tenho uma pasta verde que fica no armário. Ela está toda empoeirada pela ação do tempo.
Uma boa parcela da minha vida está nela. Tem cadernos e cadernos com o mais bobo romantismo juvenil dos meus 15, 16 anos (e isso só piorou com o passar do tempo). São letras de músicas na época em que eu achava que ia ser um rockstar, tinha ganho o meu primeiro violão e achava que ia mudar o mundo ao som da Legião Urbana. Tem alguns textos homenageando familiares já falecidos (meu avô e minha bisavó) e também jogadas num canto, um punhado de notas antigas de dinheiro. Nem lembrava que um dia colecionei isso.
Mas o que chama mais a atenção e, é maioria na pasta, são os poemas de amor. Como sempre amor não correspondido, amor sofrido. Existem quase 200 textos que fiz para Débora, a primeira garota por quem me apaixonei. Naquela época (99/2000), não haviam blogs na internet. Ainda era a Web 1.0, e eu achava mais bonito escrever com o meu garrancho mesmo. E guardei para mim. Ela não sabe que existe isso tudo até hoje. Qualquer dia eu posto um desses textos aqui.
Relendo os textos, eu sinto algo que não sei explicar. É vergonha, é ingenuidade e é a lembrança de um Caio que nunca se abateu. Que sempre sonhou e acreditou no amor. Mesmo se dando mal.
Ante-ontem era Débora, Ontem foi a Karin, hoje é a pobre N (melhor, pra evitar encheção de algumas pessoas bobas).
Por que pobre? Porque nessa era de blogs, de tudo ao mesmo tempo e agora, eu a bombardeio com bombas de declarações de amor, de presentes e de textos quilométricos. Eu sei que deve ser bom receber essas declarações de carinho (nunca as recebi), mas tudo tem um limite.
O problema é que eu sou uma panela de pressão,um copo d'àgua. Uma hora eu transbordo e não me contento em escrever aqui ou em outro lugar, eu mando pra ela coitada.
São textos sinceros, lindos, que eu me orgulho muito. Ela, eu não sei se gostam. Mas sei lá, tudo tem limite.
O fato é que hoje N é a mulher da minha vida, a que eu quero ficar o resto dos dias, amanhã pode ser ela mesmo ou podem vir outras. Mas o Caio cada vez mais fracassado, romântico e metido a escritor vai sempre existir. Ou não. Nunca se sabe.
É a minha natureza ué!
O post era sobre minha pasta verde não é?
Eu sei. Mas eu me perco nesse labirinto.
O negócio é que sempre vai existir uma pasta verde na minha vida para me estapear com as lembranças...