Amanhã, muito provavelmente neste horário, São Paulo estará consagrando a reeleição do prefeito Gilberto Kassab (DEM). A campanha dele, foi perfeita. Conseguiu reduzir seus índices de rejeição, o tornou conhecido e o principal: Vendeu a imagem de um bom e preparado gestor. Para isso usou uma linguagem popular, com muitos efeitos, bonecos e jingles. Ponto pra Kassab.
Por outro lado a propaganda do PT foi ineficaz. Muito ruim. No primeiro turno, Marta achava que estava soberana na liderança e fez uma propaganda fraca. Não fez nada para tentar diminuir sua rejeição e usou de linguagem usada por Lula em 2006 achando que ia dar certo. Ledo engano. O eleitorado de São Paulo é conservador, anti-petista e diferente do restante do país , para esse eleitorado, mais precisamente a classe média, a campanha petista não fez nenhum aceno.
E no segundo turno, o PT fez a sua parte na campanha. Tentando demonstrar a inconsistência de Kassab, que sua eleição é o renascimento do DEM, que é um filhote do malfadado malufismo e que seu novo mandato seria completamente diferente deste. Afinal, ele está prefeito com os votos de Serra, a partir de amanhã é com os votos dele. Tudo isso que a campanha falou, é verdade.
Mas a imprensa preferiu tornar polêmica uma pergunta do PT: "Kassab é casado? Tem filhos?"
Pergunta nada capciosa. É o preconceito sobre o preconceito. Existem rumores no mundo político que Kassab é homossexual. Se for ou não, isso só diz respeito a ele. Que espertamente não brecou e até incentivou essa polêmica. Enxurrada de editoriais, textos, artigos e colunas dos vestais da ética de plantão. Os mesmos que sempre chamaram Marta pela péssima alcunha de "Dona Marta".
A opção por Marta
Poderia discorrer aqui um longo texto sobre o perfil conservador e anti progressista dos paulistanos. Para mim, ele não é tucano e nem "demo", ele é anti progressista, no caso representado pelo PT. Então, qualquer que seja a força capaz de derrotar o PT, tem o apoio dos paulistanos. Antes era Maluf, PSDB e agora o DEM. É o malufismo e a direita ressuscitando pelas mãos de José Serra, ávido por ser presidente da república.
Marta se elegeu em 2000, contra Maluf e com o apoio dos tucanos. Pegou uma prefeitura quebrada por 8 anos de Maluf-Pitta. Reconstruiu a cidade e fez uma opção pelo social e pelos mais carentes. Tanto que nas periferias ela sempre teve índices expressivos de votação. Sua gestão teve erros? Claro. Como todos os governos os têm.
Opto e se pudesse votaria em Marta por representar o progresso e as forças democráticas. Eu, no PFL não voto e nunca votei. Kassab é um engodo bem treinado de marketing. Sua equipe de comunicação é excelente. Mas é só. Cheira a um novo Fernando Collor ou a um Celso Pitta.
A campanha petista tentou mostrar isso mas o preconceito contra o partido e Marta foi maior...
O Preconceito
Já dizia o ditado. Ele cega. E cega mesmo. Imagina uma pessoa bonita, rica e que se dedicou aos mais necessitados e à orientar mulheres aflitas sexualmente na década de 1980 ter a ousadia de ser prefeita de São Paulo? Pois é. Essa pessoa, depois de eleita ainda assume uma nova paixão e se separa de seu marido que é considerado quase um semi-deus para alguns e inicia novo casamento? Pois é.
Essas atitudes honestas tiveram um alto preço para Marta. Nesses anos todos, ela teve sua privacidade invadida, foi motivo de apelidos infames e indiretas sofríveis.
A ignorância chegou ao ponto de eu ler em um blog que a eleição desse ano seria decidida entre um "veado" e uma "vaca". O cúmulo do absurdo.
Mas enfim, se nos EUA, um país em tese mais avançado e politizado que o nosso, a conservadora Sarah Palin é vítima de todo tipo de gracejo, imagina "dona" Marta aqui em São Paulo?
Sei lá, senti a necessidade de escrever isso, de "rasgar a máscara", por ser uma pessoa de convicção democrática e progressista. Mas parece que os paulistanos fizeram uma opção.
Resta desejar a Gilberto Kassab um bom governo. E á São Paulo, uma boa sorte.
Memórias
Há 14 anos
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