terça-feira, 17 de março de 2009

Adeus, Clô!

Clodovil: Amado ou odiado, sua passagem na Terra não foi em vão

No ambiente de mensalões, barganhas e outras coisas rasteiras. Eis que chega um senhor muito bem alinhado. Deputado de primeiro mandato, faz seu discurso. Uma barulheira interminável e eis que o parlamentar diz: "Por favor, silêncio. Isso é que é decoro?" As raposas silenciam e se curvam àquele peixa fora d'água

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Ao som de um Standard qualquer dos anos 50, de preferência Billie Holiday sua preferida, ele descia as escadas do cenário com sua bolsa Louis Vitton. Ao chegar no palco, um take dos pés a cabeça mostrando o terno impecável. Uma piscada e o cumprimento de sempre: "Olá, tudo bem? Tem que estar não é mesmo?"

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Uma telespectadora manda uma carta para um certo programa feminino nos anos 80: "Estou pensando em me casar com um vestido roxo. Será que fica bonito?" O estilista responde na lata: "Minha querida, isso é roupa pra vestidos ou terninhos. Não queira passar a imagem de que você tem classe. Case de branco e pronto".

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Nos anos 60, em uma loja da Oscar Freire havia desfiles semanais de um certo estilista. As modelos mais bem pagas, as socialites mais ricas e as roupas mais caras e sofisticadas lotavam o endereço para prestigiar mais uma coleção do mais conceituado estilista do Brasil. Clodovil Hernandes. Ter uma roupa dele era de um status inominável, só comparado ao de seu arqui-rival, o amigo íntimo e estilista Dener Pamplona de Abreu.

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Nada disso acontecerá de novo. Clodovil está morto. Passou para a história. Amado ou odiado, com amigos ou desafetos ele nunca passava desapercebido. Pensando bem, ele nunca passará. Sempre ficará por aqui com seu estilo e marcas. Boa viagem.

Um comentário:

Renata de Marchi disse...

Sentirei sim saudades do Clô. Hj, ao assitir o Jornal Nacional, fiquei surpresa com um comentário feito pelo mesmo ao "tentar ler" seu discurso (pq estava impossível com tamanha falação) sobre seus 23 projetos engavetados: "Gente, estamos aqui p/ defender nosso país...isso aqui parece um mercado.." Coloco aqui uma questão: Por ter sido incompreendido não acredito, mas, será q seu problema não foi resultado de tamanha dor de cabeça por tentar ser um deputado fiel ao público? Bom, pelo menos ele tentou, e agora mais do q nunca, depois de sua ousadia, DEIXARÁ SAUDADES!

Parabéns Caio, adorei seu texto. Digno de um bom jornalista q é!
bjokas!