quarta-feira, 9 de abril de 2008

Admirável Gado Novo


Eu entendo perfeitamente que nem todo mundo gosta de acordar cedo, gosta do que faz e também gosta de pegar ônibus, trem e metrô lotados (a maioria não gosta nem de pegá-los vazios, creio), mas uma pergunta que sempre me faço é: Por que o pessoal anda nas ruas e nos transportes como gado?
Sim, como gado indo para o abate. Cabeça baixa, olhar perdido e marchando, quase todos iguais em uma sinfonia.

Eu entendo que a vida é dura demais e que nós temos muitos problemas, mas estas (e as outras que enumerei acima), ao meu ver, não são as razões para esse comportamento corporal das pessoas.

Isso pra mim é algo cultural, educacional mesmo. Coisa de hábito. O camarada quando é pequeno, vê o pai e a mãe andando assim, reclamando da vida e também se sente assim. É um andar oprimido, de cabeça baixa, servo e obediente. Resta saber a quem?
Oprimem suas alegrias, seu pensar e resumem a vida em ir e voltar do trabalho. Com uma pausa para o futebol, o sexo e a risada na TV. Eita vidinha medíocre né?

Eu chego a conclusão de que é um comportamento cultural e social, pois nos diferentes tipos de transportes públicos esse comportamento muda.
Nos ônibus e trens das periferias, aonde a população é mais carente e pobre, mora o ápice dessa desilusão. Há um clima que beira o fúnebre. Ninguém conversa, ninguém olha para os cantos e se entreolham desconfiados.

Nos ônibus de bairros mais abastados e nos metrôs (principalmente na linha Verde, a da Paulista), o ambiente é leve. As pessoas continuam apressadas, loucas e ávidas em chegar logo, mas nota-se um sorriso, uma descontração comedida, um olhar seguro.
Ora bolas! É ou não é uma questão social??

Sei que esse texto pode ser uma viagem (como tantas que o autor aqui comete), mas é uma constatação a que eu chego. Por que não levantamos da cama e não olhamos para o espelho e não nos adoramos por sermos bonitos e saudáveis? E mais: Por termos um emprego. Não é o dos sonhos, mas o emprego de nossos sonhos virá. Nossos sonhos virão!
Longe de mim se tornar e pregar um acomodado-conformista, mas a vida é muito dura pra ser levada a sério.
Portanto, vivam as nossas Válvulas de Escape! Pois elas sim, ajudam a suportar esse mundo em que nossa autonomia é cada vez menor e também nos ajuda a sorrir dentro das 'latas de sardinha' dos 'tatus' por aí.

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